Porquê que eu, nascido em Angola, crescido entre Lisboa, Luanda e Paris, onde actualmente resido, me interesso pelas eleições americanas? Porque não falar das recentes eleições no Kenya, com as desastrosas repercussões que teve para o país e para o equilíbrio da região? Ou das eleições em França, que levaram Nicolas Sarkozy ao poder em Maio de 2007? Ou das futuras eleições em Angola (há de ser abordado o tema, não se preocupe caro leitor)?
Resposta há muitas, e nem sempre muito elucidativas; mas para além da enorme mediatização do acontecimento nos orgãos de imprensa mais variados (ninguem pôde escapar estas ultimas semanas ao confronto Clinton-Obama), para além da enorme influência que tem o presidente dos USA na cena internacional, há também uma razão mais terra-a-terra: quando eu estava no liceu, no 11º ano (première), tinha aulas de inglês à quinta feira às 8h da manhã. Mesmo se já foi à muito tempo, todos nós sabemos que, se já é difícil parea qualquer aluno estar concentrado durante a primeira aula do dia, quando é uma aula de inglês, às 8h, a tendência é prolongar a noite interrompida pelas obrigações escolares ou fazer os deveres para a aula de matemática...
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A minha professora na altura, Mme Caillaud, consciente de tal facto, não nos impunha uma aula catedrática sobre as regras de gramática e os verbos irregulares. Para ela, estudar uma língua estrangeira implicava também estudar uma cultura diferente, então durante um ano, a primeira aula de quinta feira era dedicada a uma sessão de análise de programas televisivos americanos e britânicos. Ora, nessa altura, havia eleições nos Estados Unidos. Durante semanas, ela passou nos debates e notícias sobre o assunto, e conseguiu verdadeiramente captivar a nossa atenção. Aprendemos como se desenrolavam as eleições por sufrágio universal indirecto, como os candidatos antes de ganhar o direito de se apresentar pelo Partido tinham q ganhar as eleições primáris internas, etc., etc.
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Ao contrário do meu irmão, que sempre foi apaixonadíssimo por política, eu não me interessava tanto, sobretudo aos 16 anos; mas essas aulas foram tão captivantes, que abri os meus horizontes um pouco além do basket, hip hop e literatura. O adolescente apolítico que eu era (eu diria mesmo anti-político, de tanto eu considerar, mesmo sem muito conhecimento da coisa, que todos os homens políticos eram corruptos e hipócritas) começou a antever, através de uma simples eleição presidencial, todas as implicações, toda a energia, todo o talento de comunicação que era necessário para levar um indivíduo ao mais alto cargo de uma Nação. Essa dimensão é humana e ao mesmo tempo descomunal: uma campanha é uma máquina onde cada homem é uma engrenagem importante, por pequena que seja; desde os conselheiros em comunicação aos militantes que distribuem panfletos na rua, desde os autores dos discursos que ficam na história aos fund raisers responsáveis pela colecta de fundos, cada um sabe o seu papel (por vezes sabendo muito pouco do papel do outro). É uma aventura imensa, na qual pqrticipam pessoas de todos os horizontes, com motivações diversas e complexas, tanto pessoais como universais.
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A política só pode ser apaixonante desa forma, quando consideramos a soma de paixões, de esforços, de desilusões, de batalhas que levam um cidadão x ou y a tornar-se o homem mais importante do País. E que País mais interessante do que os Estados Unidos, "Terra da Liberdade", terra de contrastes e contradições, onde se tornam realidade os maiores sonhos e os piores pesadelos da humanidade? Que melhor País que a "land of opportunities" para nos fazer sonhar, o tempo de uma campanha, que tudo é possível se cada um se esforçar e fizer a sua parte. A América tem muitos defeitos, isso ninguém pode negar: Como muitos outros países. Mas se ela ainda tem uma qualidade hoje, além de toda a polémica que genera (guerras arbitrárias, neo-imperialismo, invasão cultural, and so on and so on, a lista é longa) é a de fazer sonhar. Não falemos ainda do despertar, que por vezes é difícil (George Bush presidente durante 8 anos). mas do sonho. Ele faz parte do nosso quotidiano, das nossas aspirações, do nosso modo de vida. THE AMERICAN DREAM IS NOT DEAD!
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A minha professora na altura, Mme Caillaud, consciente de tal facto, não nos impunha uma aula catedrática sobre as regras de gramática e os verbos irregulares. Para ela, estudar uma língua estrangeira implicava também estudar uma cultura diferente, então durante um ano, a primeira aula de quinta feira era dedicada a uma sessão de análise de programas televisivos americanos e britânicos. Ora, nessa altura, havia eleições nos Estados Unidos. Durante semanas, ela passou nos debates e notícias sobre o assunto, e conseguiu verdadeiramente captivar a nossa atenção. Aprendemos como se desenrolavam as eleições por sufrágio universal indirecto, como os candidatos antes de ganhar o direito de se apresentar pelo Partido tinham q ganhar as eleições primáris internas, etc., etc.
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Ao contrário do meu irmão, que sempre foi apaixonadíssimo por política, eu não me interessava tanto, sobretudo aos 16 anos; mas essas aulas foram tão captivantes, que abri os meus horizontes um pouco além do basket, hip hop e literatura. O adolescente apolítico que eu era (eu diria mesmo anti-político, de tanto eu considerar, mesmo sem muito conhecimento da coisa, que todos os homens políticos eram corruptos e hipócritas) começou a antever, através de uma simples eleição presidencial, todas as implicações, toda a energia, todo o talento de comunicação que era necessário para levar um indivíduo ao mais alto cargo de uma Nação. Essa dimensão é humana e ao mesmo tempo descomunal: uma campanha é uma máquina onde cada homem é uma engrenagem importante, por pequena que seja; desde os conselheiros em comunicação aos militantes que distribuem panfletos na rua, desde os autores dos discursos que ficam na história aos fund raisers responsáveis pela colecta de fundos, cada um sabe o seu papel (por vezes sabendo muito pouco do papel do outro). É uma aventura imensa, na qual pqrticipam pessoas de todos os horizontes, com motivações diversas e complexas, tanto pessoais como universais.
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A política só pode ser apaixonante desa forma, quando consideramos a soma de paixões, de esforços, de desilusões, de batalhas que levam um cidadão x ou y a tornar-se o homem mais importante do País. E que País mais interessante do que os Estados Unidos, "Terra da Liberdade", terra de contrastes e contradições, onde se tornam realidade os maiores sonhos e os piores pesadelos da humanidade? Que melhor País que a "land of opportunities" para nos fazer sonhar, o tempo de uma campanha, que tudo é possível se cada um se esforçar e fizer a sua parte. A América tem muitos defeitos, isso ninguém pode negar: Como muitos outros países. Mas se ela ainda tem uma qualidade hoje, além de toda a polémica que genera (guerras arbitrárias, neo-imperialismo, invasão cultural, and so on and so on, a lista é longa) é a de fazer sonhar. Não falemos ainda do despertar, que por vezes é difícil (George Bush presidente durante 8 anos). mas do sonho. Ele faz parte do nosso quotidiano, das nossas aspirações, do nosso modo de vida. THE AMERICAN DREAM IS NOT DEAD!
3 comments:
well bom enfin.A questão é que as eleições americanas em principio não podem deixar indiferente ninguêm neste momento da actualidade.Quanto a saber se o que te leva a interessares te por elas é um bocado perguntares te o que te leva a abrir o jornal.A tua história faz me lembrar um pouco a minha que era incapaz de ler um jornal porque achava aquilo a coisa mais aborrecida do mundo.Hoje aprimeira coisa que faço enquanto tomo o meu pequeno almoço é precisamente ver o euro news enquanto tomo a minha primeira refeição.quanto ao American Dream acho que estas eleições vêm nos fazer ver que ele não está morto apenas operou uma volta de 180 graus et " quel emeilleur gagne..."
Sabes duma coisa? Acho que todo o mundo se interessa por política, mesmo aqueles que dizem não gostar de política. Interessarmo-nos ter uma opinião, que mesmo não sendo técnica, não deixa de ser política. Quando nos queixamos dos preços que sobem continuamente, estamos a falar de política. Estamos implicitamente a dizer que gostariamos que houvesse alguma mudança nesse sentido, e quem melhor que os políticos para mudar a sociedade?
A meu ver, uma sociedade em que as pessoas não se interessam pela política e/ou acham que não é importante votar é uma sociedade doente. Porque falta a capacidade dos políticos fazerem os eleitores acreditar que a acção deles pode mudar a sociedade. aí reside o ponto crucial da campanha.
A campanha americana tornou-se apaixonante desde janeiro por causa disso. porque apareceu um candidato que começou a fazer com que as pessoas acreditassem que é possível mudar as coisas, que a fatalidade do "todos os mesmos" não vale para todos. the american dream still live on … thanks to B.O.
Ricardo - estás no teu melhor !!!
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