Thursday, September 21, 2006

Autopsia de um golpe de Estado

Golpe de Estado: tomada, mais ou menos violenta, das instituições mais importantes de um país, tendo em vista a substituição de um governo por outro.

Houve à semanas na Tailandia um golpe de Estado. Militares com nomes impronunciaveis (tentem là dizer Sonthi Boonyaratkalin de uma vez sem soletrar e sem hesitar...) tomaram o Poder e destituiram o Governo. A minha grande ignorancia em matéria de geo-politica, em particular no que diz respeito à Asia, faz com que eu pouco ou nada possa dizer sobre o Governo destituido, tão pouco tenho uma real opinião sobre o assunto. Mas, ironicamente, eu tinha acabado de ler dias antes do acontecimento, O Ditador e a Rede, de Daniel Pennac, que conta "a história de um ditador agoráfobo[...] numa dessas repúblicas de banana com terras de um subsolo rico o suficiente para que alguém ali queira tomar o poder e áridas o bastante, na superfície, para serem férteis em revoluções[...]" Pennac não quis de maneira nenhuma escrever um livro politico, mas sim um conto, onde ele expõe algumas razões que podem levar um homem (ou um grupo de homens) a tomar o Poder pela força.

Mesmo se os meios variam da ficção à realidade, de um Pais a outro, os golpes de Estado seguem invariavelmente, e isto desde a Antiguidade (lembrem-se de César e Brutus, "tu quoque mi fili!" - até tu meu filho!) um mesmo esquema: descontentamento (nem sempre dos mesmos), inércia da parte do poder, organização da oposição, complot, acção, queda de uns, subida de outros. On connaît la chanson. Infelizmente, tambem conhecemos o resultado, por vezes caotico, de tais aventuras. O que me fascina nisso tudo, são as motivações de uns e de outros. Castro, Kadhafi, Pinochet, Carmona, Franco, Hitler (mesmo se o golpe de Estado que ele tentou falhou, e ele subiu ao poder mais tarde de maneira totalmente democratica)...
Tantos discursos sobre o bem do Povo, sobre a exploração dos mais fraco pelos mais fortes que todos querem fazer cessar, para no fim e no fundo ir dar tudo mais ou menos no mesmo: Ditadura!
Não ha nada mais triste do que tomar um Poder que não estamos prontos a assumir, justificando os nossos actos com grandes ideais. Sobretudo se é para no fim sermos nos a privar os outros da famosa liberdade pela qual supostamente combatemos. Boa sorte, Tailandia, e espero que me provem que esta minha visão realistico-pessimista das coisas não é sistematicamente verdadeira...

Sunday, September 17, 2006

Maya Angelou


Marguerite Anne Johnson. Maya. Angelos. Maya Angelou. No liceu, descobri dois poemas desta grande poeta contemporanea. Still I rise e Phenomenal Woman. Dois poemas fortes, que me fizeram interessar-me pela sua obra. Poeta, Mãe, activista politica, militante pelos direitos dos negros, Maya combateu em frentes diferentes, mas sempre com coragem, e com palavras, a sua unica arma. Contra a injustiça, contra a indiferença, contra o racismo; e sempre em favor da igualdade, do Amor, e em constante procura da Beleza. Não so da beleza exterior, superficial e passageira, mas de uma bem mais profunda, que mostra e realça o melhor que existe em cada um de no's.
Maya não hesitou a expor na sua obra as suas magoas mais intimas (no poema Men ela faz alusão ao amante da sua Mãe que abusou dela aos 8 anos), mas tambem o seu amor pela vida, o seu orgulho de ser uma mulher negra forte, numa América racista. Maya Angelou, com a simplicidade dos seus versos, da sua prosa, encantou-me, e desde então, faz parte dos meus poetas favoritos. Hoje professora de literaturae civilização americana na Universidade de Wake Forest, Maya foi a segunda poeta na historia dos Estados Unidos a ler um poema da sua autoria durante a cerimonia de investidura de um Presidente. Tout un symbole.
A descobrir para quem não conhece...
www.mayaangelou.com
http://www.poemhunter.com/maya-angelou/poet-6834/

Still I rise

Still I Rise

You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may trod me in the very dirt
But still, like dust, I'll rise.
Does my sassiness upset you?
Why are you beset with gloom?
'Cause I walk like I've got oil wells
Pumping in my living room.
Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I'll rise.
Did you want to see me broken?
Bowed head and lowered eyes?
Shoulders falling down like teardrops.
Weakened by my soulful cries.
Does my haughtiness offend you?
Don't you take it awful hard
'Cause I laugh like I've got gold mines
Diggin' in my own back yard.
You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I'll rise.
Does my sexiness upset you?
Does it come as a surprise
That I dance like I've got diamonds
At the meeting of my thighs?
Out of the huts of history's shame
I rise
Up from a past that's rooted in pain
I rise
I'm a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.
Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that's wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise.

Maya Angelou

Saturday, September 16, 2006

NameDropping+BrainStorming=Giving Props


Luis de Camões, Maya Angelou, Oscar Wilde, Shawn "Jay Z" Carter, Frédéric Beigbeder, Pepetela, Mark Twain, Mario Puzzo, Amélie Nothomb, Agatha Christie, Robert "R" Kelly, Marvin Gaye, Tom Clancy, Manuel Rui, Marshall "Eminem" Mathers, Daniel Pennac, Honoré Balzac, Guy de Maupassant, Tupac Shakur, Robert Frost, John Irving, Louis Aragon, Jill Scott, Andre "3000" Benjamin, Fernando Pessoa, Eça de Queiros, Nicolas Guillen, e tantos, tantos mais... OBRIGADO.
Por terem escrito um livro, uma musica, um poema, um verso, uma frase que, a um momento dado, foram importantes na minha vida de "consumidor de coisas escritas". Reconheci-me, viajei no tempo e no espaço, sonhei, ri, chorei, senti, inspirei-me, mas acima de tudo, apreciei e apreciarei até ao meu ultimo sopro a vossa contribuição. Ao mundo das Palavras. Das Letras. Dos Sons. Dos Sonhos. Porque ao ler-vos, eu Sonhei Acordado.

Friday, September 08, 2006

Quai Branly, colonies, etc...



Dimanche dernier j'ai visité le musée du quai Branly, à Paris. Je ne vais pas vous faire une description détaillée du musée, je n'en ai pas le talent ni la volonté. Je vais plutôt vous donner mon sentiment sur la genèse de cette oeuvre. Première question, qui est à mon sens essentielle, pouquoi ce musée? La raison pour laquelle je pose cette question est simple: c'est que ce musée, celui des arts d'Afrique et d'Océanie, EXISTAIT DEJA A PARIS! Eh oui, chers amis. Il se situait au Palais de la Porte dorée, à deux pas du Bois de Vincennes. Il datait même des années 1930, il s'appelait le Musée des Colonies et de la France Extérieure, et il avait vocation à exposer les oeuvres des colonies. Un beau batiment art nouveau, avec sur ses façades des fresques évocant ces lointaines contrées sauvages. Plus que leur art, il exposait les bons sauvages (le grand père de Karembeu en sait quelque chose, lui qui a été "montré" comme dans un zoo, comme un animal éxotique à une exposition antérieure). Depuis, dans les années 60, il est devenu, sous l'impulsion de Malraux à la culture, et suite aux premiers démélés de la France avec ses colonies, le Musée des Arts d'Afrique et d'Oceanie. Changent les termes, change l'enjeu: montrer l'Art de civilisations que certains supposaient sans art, alors même que l'art occidental s'en nourrissait grandement. Le Palais de la Porte Dorée étant promis à un avenir autre (il va devenir la Cité Nationale de l'Histoire de l'Immigration), le musée du Quai Branly a vu le jour. Plus grand, avec un pôle de recherche scientifique, un grand auditorium, et un fond d'oeuvres d'art qui semble inépuisable. Mais quel nom lui donner? Le même, musée des arts d'Afrique et d'Océanie? Non, il se veut plus large que son prédecesseur, et accueillir des oeuvres de toute l'Asie et d'Amérique aussi. Musée des Arts Premiers? le débat à fait rage dans les milieux intellectuels en France (premiers par rapport à quoi?), et finalement, il a le nom de son emplacement. Un hommage aux civilisations "non occidentales", à ces cultures lointaines, mais sans le folclore colonial de l'exposition de 1931, sans le côté "venez voir les sauvages". Une reconnaissance, tant le quartier où il se trouve est préstigieux (à deux pas de la tour Eiffel, et non plus au bord du boulevard périphérique), tant le projet fut important, tant l'architecte est connu et reconnu. Plus qu'un simple musée, le Quai Branly est une page qui se tourne, et qui permet à une autre de s'ouvrir. La Cité de la Porte Dorée, lieu chargé d'histoire, va devenir un espèce d'Ellis Island français. Un lieu où on pourra s'informer, réflechir sur la diversité de la France d'aujourd'hui. Pour ensuite parler d'un sujet qui est trop souvent utilisé à des fins politiques, mais qui appartient et devrait concerner tous les français: son histoire, et celle de son immigration, passée, présente et future.